segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um doente em cada quatro não trata a dor por falta de dinheiro

«Um em cada quatro portugueses com dor crónica não segue o tratamento prescrito pelos médicos por falta de dinheiro, indica um estudo da revista "Deco Proteste".



 

Segundo o estudo, publicado na última edição da revista "Deco Proteste", os doentes queixam-se da rápida perda de eficácia dos fármacos prescritos, sublinhando o custo elevado do tratamento, que ronda os 77 euros/mês, a que se junta muitas vezes a despesa com o transporte até à unidade de saúde ou hospital e o preço das consultas privadas.

De acordo com os dados recolhidos, os custos apurados para o Estado e para as empresas são "de grande dimensão" uma vez que a dor mal controlada é a causa de cerca de 11 milhões de faltas ao trabalho todos os anos.

Os dados indicam que, no último ano, 28% dos portugueses faltaram ao trabalho nove dias em média por sentirem dores.


Os problemas nas costas e no pescoço são responsáveis pelo sofrimento da maioria das pessoas que responderam ao inquérito. Cerca de metade dos inquiridos revelou dores de cabeça e enxaquecas e quatro em cada 10 dores nos músculos e nas articulações.

Além de Portugal, o estudo foi feito ao mesmo tempo noutros quatro países - Bélgica, Brasil, Espanha e Itália - por organizações de consumidores e em todos as dores musculoesqueléticas lideram o 'ranking'.


De acordo com o estudo, a dor crónica (de forma continua ou persistente por mais de três meses) afecta 27% dos portugueses e um em cada três não tem acompanhamento médico.

A amostra do estudo da "Deco Proteste", que decorreu entre Janeiro de Março de 2011, abrangeu 2370 portugueses que responderam ao inquérito, cujos dados foram depois tratados "para assegurar a representatividade por idade, sexo, região e nível de educação", referem os responsáveis pelo trabalho.»


Texto in JN online, 28-11-2011
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sábado, 26 de novembro de 2011

1,9 milhões inscritos a mais no Serviço Nacional de Saúde tiram médico de família a quem precisa

«Sabe-se que o número de inscrições no Serviço Nacional de Saúde é maior do que a população nacional, mas não foi encontrada ainda forma de retirar da lista os cerca de 1,9 milhões de nomes a mais. Luís Cunha Ribeiro, presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, sugeriu este sábado, no Porto, que se procure uma solução através do número de contribuinte.

"A Comissão Nacional de Protecção de Dados tem impedido que se cruzem alguns dados, mas não queremos violar a privacidade ou os direitos de ninguém, só queremos saber quantos somos. É assim tão difícil?", disse esta manhã Luís Cunha Ribeiro, no seminário "Uma nova política de Saúde? Que actores?", que decorre durante todo o dia na Universidade Católica do Porto.

O médico, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (que já foi presidente do INEM e director clínico do Hospital de S. João), deu como exemplo esta discrepância, que faz com que milhares de portugueses não tenham acesso a médico de família, para demonstrar que o desafio agora é gerir informação e não adquirir mais.

"Há 12,4 milhões de inscritos nos centros de saúde e muitos destes devem estar inscritos em mais do que um médico de família", afirmou.

"Nos últimos 12 anos, gastaram-se 600 milhões de euros em sistemas de informação. E com 600 milhões de euros gastos, conseguimos não saber quantos somos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), algo tão simples quanto isso", declarou Cunha Ribeiro. Segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde, há 12 444 655 inscritos nos centros de saúde portugueses, embora a população nacional seja de cerca de 10,5 milhões de pessoas. Em Setembro, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse, na Assembleia da República, que há mais de um milhão e 700 mil portugueses sem médico de família, a maioria deles na região da Grande Lisboa.

"Já coleccionamos informação que chegue, temos é que gerir essa informação", sublinhou o médico. Em declarações ao JN, sugeriu que se cruze apenas a identificação fiscal com o registo no SNS. "Há uma informação infalível, que é o número de contribuinte, que só se pode ter um e sabemos que toda a gente tem", referiu. Só na área da sua tutela, na Grande Lisboa, há 4,2 milhões de pessoas inscritas nos centros de saúde quando a população total é de 3,6 milhões.

Isto acontece, explicou, porque há utentes que se inscrevem em dois ou mais centros de saúde. "Às vezes, as pessoas vão de férias, precisam de medicamentos e inscrevem-se noutro centro de saúde", disse Luís Cunha Ribeiro. O seminário prossegue até às 18.30 horas, no pólo da Asprela da Universidade Católica do Porto, e conta, esta tarde, com a participação do presidente da Entidade Reguladora da Saúde, Jorge Simões e com dois ex-ministro da Saúde, António Correia de Campos e Luís Filipe Pereira.»



in JN online, 26-11-2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Álcool aumenta risco de cancro da mama, diz estudo publicado no 'Journal of the American Medical Association'

«O consumo de três a seis copos de vinho por semana aumenta em 15% o risco de cancro da mama, segundo um estudo cujos resultados são, esta terça-feira, divulgados no "Journal of the American Medical Association".



As mulheres que bebem mais, por exemplo, de uma média de dois copos de vinho por dia, vêem esse risco aumentar para 51%, em relação àquelas que nunca ingerem álcool.

Os investigadores constataram igualmente que consumir álcool entre os 18 e os 40 anos aumenta o risco de cancro mamário. O risco persistirá mesmo que as mulheres reduzam o consumo de bebidas alcoólicas após os 40 anos.

Os casos de embriaguez, mesmo que sejam pouco frequentes, aumentam ainda mais o risco de cancro da mama, já tendo em conta a existência de um consumo regular de álcool.

Esta investigação foi realizada com 105.986 participantes que foram acompanhadas entre 1980 e 2008, precisam os autores do estudo publicado no JAMA com data de 2 de Novembro.

O objectivo inicial da pesquisa era medir o risco de desenvolvimento de um cancro da mama com metástases.

Durante o período do estudo, 7690 casos desse tipo de cancro foram diagnosticados entre os participantes.


Apesar de o mecanismo exacto desta correlação entre o consumo de álcool e o cancro da mama permanecer desconhecido, uma explicação possível poderá ser que se trata dos efeitos do álcool sobre o nível de estrogénio que circulam no sangue, salientam os autores do estudo.»


Texto in JN online, 02-11-2011
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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Herpes Zoster, "Cobreiro"


O que é?

O herpes zoster, popularmente conhecido como "cobreiro", é uma doença viral causada pelo Varicella-zoster virus, o mesmo vírus causador da varicela (catapora).

Após a varicela, algumas pessoas não desenvolvem imunidade total ao vírus, que permanece latente em gânglios próximos à coluna vertebral. Quando encontra condições de se desenvolver, o vírus reativa-se e chega à pele através dos nervos correspondentes ao gânglio.

Acomete homens e mulheres, sendo mais frequente na idade adulta e nos idosos. O surgimento do herpes zoster pode ser um indicativo de uma baixa da imunidade que pode ser decorrente de outras doenças ou devido ao estresse.





Manifestações clínicas

O herpes zoster é uma doença auto-limitada, tendo um ciclo evolutivo de cerca de 15 dias. Antes do surgimento das lesões na pele, ocorrem no local sintomas dolorosos ou parestésicos (formigamento, pontadas, "pele sensível" ou queimação) devido à inflamação do nervo.

No decorrer da doença os sintomas dolorosos podem se agravar tornando-se muitas vezes insuportáveis, principalmente quando atinge pessoas mais idosas. A dor melhora gradativamente mas, nas pessoas idosas, pode permanecer por meses ou anos após o final do quadro cutâneo, caracterizando a neuralgia pós-herpética.

As manifestações cutâneas iniciam-se por vesículas que podem confluir formando bolhas contendo líquido transparente ou ligeiramente amarelado, seguindo o trajeto de um nervo. Em alguns dias, as lesões secam e formam crostas que serão liberadas gradativamente deixando discretas manchas no local que tendem a desaparecer. As manifestações limitam-se a um lado do corpo, por onde passa o nervo atingido, sendo muito raro o acometimento bilateral.

Os nervos atingidos com maior frequência são os intercostais (entre as costelas), provocando manifestações no tronco, mas outros nervos podem ser afetados. Quando acomete os nervos cranianos, podem ocorrer sintomas referentes à eles, como úlceras da córnea, vertigem ou surdez.

Tratamento

O tratamento deve ser iniciado assim que se iniciarem os sintomas, visando evitar o dano irreparável ao nervo atingido que resultará na neuralgia pós-herpética. As lesões da pele tem involução espontânea mas medidas para evitar a infecção secundária devem ser tomadas.

Os medicamentos utilizados no tratamento do herpes zoster evoluíram muito, tornando-se mais eficazes, e devem ser indicados por um médico dermatologista de acordo com cada caso.


por Dr. Roberto Barbosa Lima - Dermatologista
in http://www.dermatologia.net/

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cardo tem potencial para tratar dois tipos de cancro fatal

O cardo, planta usada, por exemplo, no queijo da serra, tem potenciais propriedades anti-tumorais que poderão prevenir e tratar dois tipos de cancro, um da mama e outro do fígado, pouco frequentes mas fatais, defendem cientistas.


- Cardo marinho -


Este é um dos resultados de uma linha de investigação sobre o potencial anti-tumoral dos extractos do cardo seguida por cientistas do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Baixo Alentejo e Litoral (CEBAL), situado em Beja.

A equipa, liderada por Fátima Duarte, estuda desde 2008 o potencial do cardo para prevenir e tratar doenças, nomeadamente os dois tipos de cancro.

Estudos e a medicina popular, através do uso do cardo em mezinhas, como infusões para tratar problemas digestivos, indicavam que a planta "poderia ter compostos muito interessantes" a nível fitoterapêutico (uso de compostos naturais para prevenir e tratar doenças), explicou à Lusa Fátima Duarte.

Os cientistas dividiram o cardo em partes para obter extractos naturais de cada uma e têm percebido que o extracto da folha "parece ser o mais activo ou o que tem mais potencialidade fitoterapêutica".

"Neste momento não posso dizer que o extracto da folha consegue ser um tratamento eficaz", mas, através de ensaios 'in vitro', com recurso a um modelo de um tipo de cancro da mama, o fenótipo triplo-negativo, o trabalho tem mostrado que "conseguimos bloquear o crescimento das células tumorais" quando são incubadas com o extracto da folha do cardo, disse.

Aquele tipo de cancro da mama é pouco frequente, mas quase 100% dos casos são fatais, já que as terapias existentes são "pouco eficientes", disse a especialista, referindo que a equipa está também a trabalhar com um modelo de um tipo de cancro do fígado, o hepatocarcinoma humano, também fatal.

A responsável explicou que o extracto da folha do cardo parece ser mais eficaz no tipo de cancro da mama do que no do fígado, mas neste "também tem actividade e os resultados também são muito promissores".

"Se calhar estamos a lidar com um composto ou vários compostos que têm propriedades anti-tumorais, mais do que propriedades anti-tumorais específicas do cancro da mama", admitiu, frisando que as respostas podem ser esclarecidas com ensaios 'in vivo' em ratinhos.

O extracto da folha "consegue bloquear e reduzir muito significativamente a proliferação das células tumorais", mas, antes de avançar para eventuais ensaios "in vivo", a equipa tem que percorrer vários passos.

A equipa está a iniciar a identificação e a caracterização química dos compostos do extracto da folha do cardo, para saber qual é o composto ou quais são os compostos com potencial anti-tumoral, disse, frisando que talvez "não se trata de um composto, mas de uma sinergia entre compostos".

Por outro lado, a equipa vai tentar perceber se o extracto "consegue influenciar a mobilidade das células tumorais", porque um tumor tem o "poder" de desenvolver metástases.

A evolução da investigação, financiada por fundos comunitários, vai depender de financiamento, mas, se continuar ao ritmo actual, dentro de quatro a cinco anos a equipa deverá ter informação suficiente para avançar com os ensaios 'in vivo' ou já terá desistido, se tiver percebido que o extracto não tem actividade que justifique tais ensaios, estimou.


in JN online, 03-10-2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Doença da Gota (ácido úrico elevado no sangue)

O que é?

A gota úrica é uma síndrome clínica causada por uma resposta inflamatória a cristais de monourato de sódio (MUS), que ocorre em pessoas com níveis elevados de ácido úrico. Existem formas agudas e crónicas. As formas agudas surgem como crises súbitas e autolimitadas de artrite (tumefacção, rubor, dor e calor de uma articulação) às quais chamamos artrite gotosa aguda, enquanto as formas crónicas resultam na deposição de agregados de cristais de MUS sob a forma de tofos intra e periarticulares com progressiva destruição articular. A esta forma crónica de gota chamamos gota tofácea crónica. Para além das manifestações articulares a gota úrica apresenta manifestações renais (litíase renal e insuficiência renal) e metabólicas (hipertensão arterial, hipertrigliceridemia). Os doentes são  frequentemente obesos, com elevados consumos de álcool e com algum grau de insulinorresistência.

A doença foi identificada primeiramente numa múmia egípcia nos tempos da Babilónia, sendo descrita inicialmente em trabalhos de Hipócrates. A tendência familiar da doença foi mencionada por Seneca no sec.I DC e o primeiro tofo foi descrito por Galeno no sec. III DC. O termo “gota” deriva do latim gutta (sec. XIII DC) e baseia-se na crença de que um veneno caía gota a gota sobre a articulação. Mas só no século XVII (Van Leeuwenhoek, 1679), com o aparecimento do microscópio óptico, se identificaram os cristais de monourato de sódio e posteriormente o seu papel na causalidade da doença. Em  1683 (Sydenham) foi descrita uma crise aguda de gota; em 1776 (Scheele) foi descoberto o ácido úrico e em 1859 (Garrod) mostrou-se que estes doentes tinham níveis elevados de ácido úrico no sangue. A primeira descrição radiológica de gota aconteceu em 1896 (Huber) e a presença de cristais de MUS no líquido intraarticular (líquido sinovial) foi comprovada já no sec. XX, confirmando o seu papel patogénico.


Quem corre o risco de sofrer esta doença?

A gota úrica é mais frequente no género masculino e tem início habitualmente entre os 40 e os 60 anos. O doente gotoso é tendencialmente o homem obeso com consumo regular e abusivo de álcool. É nestes doentes que se verificam os valores mais elevados de ácido úrico no sangue (hiperuricémia). Por isso na idade média era considerada a doença dos ricos, sendo mais frequente na nobreza, onde os excessos alimentares contribuíam para a patogénese da doença. Pode estar presente uma história familiar de gota. No sexo feminino a crise de gota é mais frequente na mulher de meia idade sob terapêutica com diuréticos e com consumo abusivo de álcool. Em ambos os sexos, a obesidade, a hipertensão arterial, a hipertrigliceridemia e a insuficiência renal aumentam o risco de aparecimento de gota. O aparecimento desta doença no jovem está muitas vezes associada a alterações genéticas na vias enzimáticas de metabolização do ácido úrico.


Qual a causa?

A gota úrica resulta do aumento de ácido úrico no sangue (hiperuricemia) com posterior acumulação de cristais de MUS no rim e nas articulações. Considera-se hiperuricémia valores de ácido úrico no sangue superiores a 6,8mg/dl.

Os níveis de ácido úrico no sangue variam com a idade, o sexo, o peso, a prática de exercício físico, diminuição da função renal, consumo excessivo de bebidas alcoólicas (principalmente as bebidas destiladas) e com alguns medicamentos (diuréticos e salicilatos). Apresenta ainda flutuações diárias e sazonais.

A elevação destes valores no sangue resulta de pelo menos um dos seguintes mecanismos:  produção excessiva de ácido úrico ou diminuição da excreção renal do mesmo. O aumento de produção de ácido úrico pode ser o resultado de excesso de calorias (carnes vermelhas, marisco, cerveja, fígado, extractos de leveduras, carbohidratos), doenças em que ocorre uma morte celular maciça (tumores, psoríase, infecções graves, enfarte agudo do miocárdio, traumatismo, cirurgia), fármacos que levam a morte celular maciça (quimioterapia), ou defeito enzimático genético. A diminuição da eliminação renal de ácido úrico pode ser o resultado da acção de alguns medicamentos (diuréticos, salicilatos em baixas doses), de doença renal ou de um defeito enzimático genético. Condições como a diabetes mellitus, a hiperlipidemia, o hiperparatoroidismo, o hipotiroidismo, a obesidade e a hipertensão arterial podem cursar com hiperuricémia.


Quais são os sintomas mais comuns?

A gota úrica tem 3 fases clínicas:

A artrite gotosa aguda:  habitualmente surge com inflamação de apenas uma articulação. O doente refere dor articular muito intensa com sinais inflamatórios exuberantes (calor, rubor e tumefacção), com início frequentemente durante a noite, acordando-o, enquanto de dia impossibilita a deambulação. As articulações dos membros inferiores são as mais frequentemente atingidas, nomeadamente a do primeiro dedo do pé ( 1ª metatarsofalângica), numa crise classicamente conhecida por podagra. Seguem-se, em menor frequência, as articulações tíbio-társicas, os joelhos, os punhos, os dedos e os cotovelos. Os ombros raramente são envolvidos. Quando o pé não é atingido no primeiro episódio é muito provável que seja nos subsequentes. Ainda não foi encontrada explicação científica para a maior susceptibilidade do pé como alvo das crises agudas. As bolsas serosas adjacentes às articulações inflamadas também podem ser sede de inflamação aguda, como a olecrâneana no cotovelo ou a pré-rotuliana no joelho. A crise de gota resolve-se espontaneamente após 5 a 7 dias do seu início.

O período intercrítico: o doente fica sem sintomas, após uma crise aguda, até novo episódio.

Agota tofácea crónica: surge em doentes com níveis elevados de ácido úrico não tratado durante anos. Caracteriza-se pela presença de tofos gotosos, isto é, a acumulação de depósitos de monourato de sódio intraarticulares (com a mesma localização das crises agudas), que a longo prazo contribuem para a formação de lesões ósseas (erosões). Os tofos são classicamente encontrados nos pavilhões auriculares, nas bolsas serosas, no antebraço, no tendão de Aquiles, nos dedos das mãos ou dos pés. Por vezes pode haver ulceração destes tofos, com a saída dos cristais de MUS sob a forma de um conteúdo líquido leitoso.


O que acontece ao longo da evolução da doença?

O excesso mantido e não corrigido de ácido úrico no sangue, contribui para sucessivas crises agudas de gota com sintomas que deixam de ser intermitentes para estarem continuamente presentes. O período intercrítico assintomático encurta, prolongando-se os episódios de artrite aguda com formação de tofos gotosos intra e periarticulares. As articulações atingidas adquirem deformações características com perda de mobilidade e função.


Como se trata?

Artrite gotosa aguda: nas crises agudas o doente deve fazer repouso com períodos de aplicação local de gelo. Durante o período agudo da doença deve ser feita medicação com anti-inflamatórios e/ou colchicina. No doente idoso com insuficiência renal os corticóides são a alternativa.

Período intercrítico/gota tofácea crónica: o tratamento da gota consiste no tratamento da hiperuricemia, com o objectivo de manter valores de ácido úrico no sangue inferiores a 6 mg/dl. Deve ser feita a educação alimentar dos doentes em relação aos alimentos ricos em ácido úrico que devem ser evitados (marisco, carnes jovens, leguminosas, cerveja, vinhos verdes e bebidas brancas). O médico assistente sempre que possível deve reajustar a terapêutica de forma a evitar os medicamentos que contribuem para a hiperuricémia (azatioprina, diuréticos e pirazinamida), e sempre que possível substitui-los por outros com acção semelhante.

Deve ser feito o rastreio e o controlo das condições associadas à hiperuricémia: presença de litíase renal, hipertensão arterial (HTA), obesidade, dislipidemia e diabetes mellitus.

Em Portugal o tratamento da hiperuricémia é feito com alopurinol, havendo no entanto critérios para o início da terapêutica hipouricemiante (número de crises agudas, valor de hiperuricémia, presença de factores reversíveis e presença de tofos). O início da terapêutica com alopurinol é acompanhado de um anti-inflamatório para evitar que a descida dos valores de ácido úrico (que se encontram em equilíbrio no sangue) possa precipitar uma crise aguda de gota. A alergia ao alopurinol, embora rara, quando presente é grave. Geralmente ocorre após cerca de 3 semanas de tratamento. Nos doentes alérgicos podemos tentar uma dessensibilização ao fármaco (com doses mínimas) ou utilizar outros medicamentos direccionados para o tratamento de outras doenças presentes, e que apresentam simultaneamente propriedades hipouricemiantes (como o losartaan para o tratamento da HTA e o fenofibrato para o tratamento da dislipidemia). Salientam-se como outros efeitos adversos reportados em doentes sob tratamento com alopurinol a intolerância gastrointestinal, que pode ser minimizada com a toma à refeição.


Lutar contra a doença

A gota é uma doença crónica que exige um controlo dos sintomas e dos factores de risco. É importante o tratamento precoce e efectivo das crises agudas, a correcção dos valores de hiperuricémia com controlo dos factores de risco e com medicação adequada, previlegiando valores de uricémia inferiores a 6mg/dL. A educação do doente é essencial para a adopção de comportamentos saudáveis com boa adesão à terapêutica, de forma a evitar complicações a longo prazo.


Síntese

A gota úrica é uma doença sistémica que resulta do aumento do ácido úrico no sangue. Envolve o sistema musculoesquelético sob a forma de artrite aguda e gota tofácea crónica. As crises agudas caracterizam-se por episódios de dor intensa autolimitados com duração de 5-7 dias. Após o primeiro episódio segue-se um período assintomático intercrítico de duração variável e que pode ser encurtado por situações que aumentem a uricémia. Após a segunda crise está indicado o tratamento hipouricemiante com alopurinol em doses baixas, com vigilância dos efeitos adversos. A manutenção de hiperuricémia não tratada evolui para a fase de gota tofácea crónica. No tratamento da gota é importante o controlo dos factores de risco metabólico como a obesidade, a HTA, a dislipidemia e a diabetes mellitus, assim como a educação do doente para a adesão à terapêutica e para aderir a estilos de vida saudáveis. As principais complicações a longo prazo são a deformação articular com perda de função, a insuficiência renal e o aumento de risco cardiovascular. 


sábado, 1 de outubro de 2011

Especialista defende prevenção de doenças mentais no local de trabalho

«Grandes empresas europeias e norte-americanas estão a começar a investir na prevenção das doenças mentais no local de trabalho, exemplo que devia ser seguido em Portugal, defende o psiquiatra Ricardo Gusmão.

Coordenador em Portugal da Aliança Europeia Contra a Depressão, o especialista conta que multinacionais em Inglaterra, Alemanha ou Estados Unidos têm já programas de prevenção da doença mental, com retornos de produtividade evidentes.

Em Portugal, segundo país do mundo com maior taxa de perturbações mentais, as empresas deviam começar a fazer o mesmo, diz o médico em entrevista à agência Lusa a propósito do Dia Europeu da Depressão, que se assinala este sábado.

"Não vemos as empresas portuguesas a investirem neste tipo de prevenção, quando as doenças mentais contribuem para elevado absentismo e perda de produtividade", argumenta o psiquiatra e professor na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é das maiores causas de incapacidade em todo o mundo. Em Portugal, dados da Caixa Geral de Aposentação colocam-na também no topo dos motivos de aposentação precoce.

Ter psicólogos nos recursos humanos das empresas vocacionados para despistar problemas mentais é uma das medidas que Ricardo Gusmão defende, a par de outras mais simples, como ter uma creche no local de trabalho.

"As empresas que se preocupam com a saúde mental dos colaboradores têm produtividade muito superior às outras e os custos são relativamente marginais", sustenta.

Os dados internacionais indicam que a depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes, que afectará uma em cada cinco pessoas em algum momento das suas vidas.

A OMS determinou que a depressão é a quarta maior causa de anos de vida com saúde perdidos em todo o mundo em 1990. Dez anos depois já era a terceira causa e em 2020 estima-se que seja a segunda.»


in JN online, 01-10-2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Café pode prevenir depressão nas mulheres, diz estudo

Duas ou mais chávenas de café por dia pode ser a solução para evitar a depressão no sexo feminino. A conclusão é de um estudo onde participaram mais de 50 mil mulheres.




O estudo divulgado pela "Archives of Internal Medicine" indica que as mulheres que bebem café são menos propensas a vir a sofrer de depressão, e a razão pode estar no facto da cafeína alterar a química do cérebro.

Uma equipa de especialistas do Harvard Medical School acompanhou a saúde do grupo de mulheres ao longo de uma década e registou, através de qustionários, o consumo de café.

Apesar de serem necessários mais estudos para verfificar a utilidade da cafeína na prevenção da depressão, os peritos que conduziram a pesquisa acreditam que a substância é o principal agente neste processo, já que é conhecida pela sua capacidade de realçar sentimentos de bem-estar e de energia.

Uma outra possibilidade é que pessoas com predisposição para a depressão optem por não tomar café devido aos altos índices de cafeína. Um dos sintomas mais comuns da depressão é perturbação do sono e a cafeína pode exacerbar essa condição, por ser um estimulante.

Entre os anos de 1996 e 2006 apenas 2.600 mulheres deram sinais de depressão. E, destas, a maior parte consumia pouco café ou não o tomava de todo.

Comparadas com as mulheres que bebiam apenas um copo de café por semana, ou até menos, as que consumiam duas a três chávenas por dia tinham menos 15%de hipóteses de sofrer depressão.

Quanto às que bebiam quatro ou mais chávenas por dia as chances eram reduzidas em 20%.

A pesquisa mostrou ainda que consumidoras regulares de café têm mais inclinação para fumar e beber álcool.

O envolvimento com actividades da Igreja ou de grupos voluntários é menor nas mulheres que consomem café, bem como a predisposição para aumentar o peso e para doenças como pressão alta ou diabetes.

Os cientistas afirmam que o estudo pode ser útil para outras pesquisas que defendem que os consumidores de café têm índices de suicídios mais baixos.


Texto in JN online, 29-9-2011
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Direção-geral da Saúde lança campanha "Antibióticos a mais, saúde a menos"

«A importância de tomar correctamente o antibiótico, apenas para combater infecções bacterianas e evitando a automedicação, é o principal alerta de uma campanha hoje apresentada pela direção-geral da Saúde e o Grupo de Infeção e Sepsis, em Lisboa.

A campanha "Antibióticos a mais, saúde a menos", que será apresentada na Fundação Calouste Gulbenkian, pretende promover uma utilização consciente e esclarecida do antibiótico.

O director-geral da Saúde, Francisco George, disse à Lusa que a campanha vai ter escala nacional e prolongar-se até Fevereiro para "chamar a atenção de todos os cidadãos para a necessidade de preservar o antibiótico".

"Isto é sobretudo importante para disciplinar a utilização de antibióticos, que devem ser exclusivamente indicados para determinadas infecções bacterianas e não, como muitas vezes acontece, para infecções de origem viral, onde os antibióticos não têm qualquer tipo de ação", acrescentou.

Francisco George lembrou ainda que "uma utilização errada do antibiótico é prejudicial do ponto de vista individual e no plano colectivo, uma vez favorece o fenómeno de resistência das bactérias".

A campanha assenta também no combate à automedicação, na sensibilização para a importância da prevenção e controlo da infeção, e na promoção da investigação sobre epidemiologia infecciosa e resistências antimicrobianas. Dirige-se ao campo da saúde pública humana e veterinária.

Estima-se que haja na Europa mais de 25 mil mortes por ano causadas por microrganismos resistentes.»


in DN online, 28-9-2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Estudo revela: metade dos jovens não usa preservativo

«Um estudo divulgado ontem revelou que 42% dos jovens europeus já tiveram relações sexuais desprotegidas com novos parceiros.





Uma realidade semelhante àquilo que se passa em Portugal, onde alguns inquéritos apontam para que 50% dos jovens tenham relações sem o uso de protecção.

O estudo internacional, com o apoio de várias organizações não-governamentais, inquiriu seis mil jovens de mais de 29 países em todo o Mundo, tenho concluído ainda que 11 por cento dos jovens têm relações sexuais desprotegidas por estarem alcoolizados ou por esquecimento.

Já 14% dos inquiridos justificam-se com o facto de o companheiro não gostar de usar métodos contraceptivos.


in CM online, 27-9-2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Joana Grega, menina de 7 anos, precisa de uma prótese


«'Dás-me uma mão?' é o slogan da campanha para ajudar Joana Grega, menina de sete anos que nasceu sem mão esquerda e que espera receber uma mão mioeléctrica. Joana vive com a família em Monte Abraão, Sintra, e precisa que sejam recolhidas 41 toneladas de tampinhas e de embalagens de plástico para conseguir receber a prótese, estimada em 8332 euros. "Vimos as notícias sobre o Rodrigo [menino que recebeu uma prótese igual] e contactámos a associação ‘Dar a Sorrir’", explica Verónica Andrade, mãe da Joana.




A associação tem um protocolo com a Clínica Padrão Ortopédico, em Matosinhos, que realiza este tipo de intervenções. "Começámos a campanha no fim de Julho e temos tido uma enorme adesão", acrescenta Verónica. Os locais de recepção das tampinhas e de embalagens estão espalhados por vários pontos do País, que podem ser consultados no site da ‘Dar a sorrir’.

Para receber a prótese, a menina precisa de juntar 41 toneladas de tampinhas e embalagens de plástico que tenham na base os símbolos com os números 2, 4 e 5. A campanha decorre também na rede social Facebook. Quem pretender pode doar através do NIB 0036 0027 9910 0133 70492.»


in CM online, 19-9-2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Associação Portuguesa de Urologia apela à vigilância do cancro da próstata


«Três a quatro mil novos casos de cancro da próstata surgem todos os anos em Portugal e os médicos avisam para a necessidade de rastreio, sublinhando que o exame é simples e não corresponde aos mitos difundidos.

"A única forma de controlar é ir ao médico uma vez por ano a partir dos 50 anos e fazer uma análise do sangue e apalpação da próstata, através de toque rectal. Há um mito em torno deste exame, que é simplíssimo, demora segundos a fazer e não custa nada e não dói nada", assegurou Tomé Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Urologia, em declarações à agência Lusa.

Na segunda-feira, a associação inicia uma semana de acções de sensibilização para as doenças da próstata, que deverão decorrer em todo o país, com o objectivo de lembrar os homens que o tumor da próstata se desenvolve especialmente a partir dos 50 anos.

"No homem, o cancro da próstata é o cancro mais frequente e é a segunda causa de morte oncológica", avisa Tomé Lopes, lembrando que há entre 1500 a 1800 mortes todos os anos em Portugal.

Actualmente, cerca de 60% dos doentes surge com a patologia localizada, o que tem melhorado ao longo dos anos, em grande parte graças ao rastreio feito voluntariamente pelos homens.

O presidente da Associação de Urologia alerta ainda que a doença só é curável na sua fase inicial, quando ainda é silenciosa e não apresenta sintomas: "É tratável em todos os estádios, mas curável só no início".

Daí que os médicos recomendem a todos os homens que façam exames anuais a partir dos 50 anos. Caso haja casos de cancro na família, esses exames devem ser realizados a partir dos 45 anos.»


in JN online, 18-9-2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cães farejam cancro do pulmão

«O cancro do pulmão, o mais mortal de todos os cancros, responde pelo desaparecimento de mais de 340 mil pessoas por ano em todo o mundo. No entanto, se detectado precocemente, é possível a sua cura.

O problema é que a doença, numa fase inicial, é silenciosa. Recentemente, porém, cientistas alemães descobriram que os cães podem ser grandes aliados na luta para salvar vidas, por serem capazes de farejar em pessoas doentes os sinais da existência de cancro do pulmão, se para isso forem treinados.

A investigação levada a cabo no Hospital Schillerhoehe, Alemanha, incluiu 220 voluntários, sendo 110 saudáveis, 60 portadores de cancro do pulmão, 50 pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e quatro cães (dois pastores alemães, um pastor australiano e um labrador.

Todos os participantes respiraram para um tubo cheio de lã que absorveu os cheiros da respiração. Os cães cheiravam os tubos e sentavam-se na frente das pessoas supostamente doentes. Os animais conseguiram acertar em 71% dos casos e os resultados do estudo foram publicados na revista científica "European Respiratory Journal".

Marcador estável para o cancro do pulmão

O cheiro a tabaco ou a medicamentos consumidos pelos doentes não afetaram o olfato dos cães. O que os cientistas ainda não apuraram é qual a substância exata que os cães detectam no hálito dos doentes cancerígenos.

"Na respiração dos doentes com cancro do pulmão deverá existir químicos voláteis (moléculas libertadas pelos tumores) diferentes dos encontrados na respiração de uma pessoa saudável, e o olfato apurado permite aos cães detectar essa diferença numa fase muito precoce da doença", afirmou o cientista e autor do estudo, Thorsten Walles.

De acordo com Walles, "os nossos resultados confirmam a presença de um marcador estável para o cancro do pulmão. Este é um grande passo".

No entanto, como não é nada prático que os cães permaneçam nas clínicas e hospitais para o rastreio da doença, os investigadores estão a desenvolver "narizes eletrónicos" que consigam detectar a mesma substância química que o olfato canino. Mas ainda não sabem se o vão conseguir.

Em 1989, surgiram as primeiras notícias de que os cães eram capazes de farejar tumores. Estudos realizados posteriormente indicaram que os cães conseguem, de facto, detetar cancros na pele, na bexiga, nos intestinos e na mama. À lista, acrescenta-se agora o cancro do pulmão.»





Texto in Expresso online, 15-9-2011
Vídeo in YouTube, 31-8-2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Diabéticos já são 366 milhões


«A Associação Europeia de Estudo da Diabetes, reunida em conferência em Lisboa, revelou os últimos dados relativos à quantidade de pessoas infetada com uma das doenças que mais crescimento tem conhecido nos últimos anos.

De acordo com as últimas informações, um total de 366 milhões de pessoas sofrem de diabetes e a tendência é para que este número continue a aumentar.

A vasta maioria dos casos disgnosticados classifica-se como diabetes tipo 2, causada por uma dieta pouca diversificada, obesidade e falta de exercício físico.

A diabetes provoca inúmeras complicações de saúde relacionadas com a falta de controlo de acúcar no sangue, sendo, em muitos casos, potencialmente fatal.

Estima-se que a cada 10 segundos morra um doente devido a problemas relacionados com a doença (caracterizada pela não produção de insulina pelo pâncreas e decorrente descontrolo dos níveis de açúcar no sangue) e que, o número de vítimas relacionados com a doença ascenda a 4,6 milhões por ano.

 

Assunto prioritário para a ONU

A próxima reunião das Nações Unidas, entre 19 e 20 de setembro, vai ser a primeira a focar-se especificamente numa doença, após a reunião sobre a sida, em 2001, o que atesta bem da importância global que o aumento do número de diabéticos em todo o mundo está a provocar.

Os países mundias vão procurar discutir e definir soluções que ajudem a travar a ascensão da diabetes.

Uma tarefa que se afigura complicada, dado que a classe média dos países emergentes vê muitas das escolhas de vida que levam à diabetes como símbolos dos países desenvolvidos e, aspiram a atingir esse estatuto.»


in Expresso online, 14-9-2011

Doenças cardiovasculares responsáveis por metade das mortes no mundo, diz a Organização Mundial de Saúde

«As doenças não transmissíveis, como as cardiovasculares ou respiratórias, são a principal causa de morte no mundo e responsáveis por 63 por cento dos 57 milhões de óbitos totais no planeta em 2008, revelou a Organização Mundial de Saúde.

"A maioria das mortes - 36 milhões - devem-se a patologias cardiovasculares ou respiratórias, diabetes e cancro", explicou a responsável do departamento de doenças crónicas e de promoção da saúde da Organização Munidal de Saúde, Leanne Riley, na apresentação do relatório sobre o perfil deste género de doenças nos 193 país da organização.

As doenças cardiovasculares foram responsáveis por 48 por cento das mortes, o cancro por 21 por cento, os problemas respiratórios por 12 por cento e a diabetes por três por cento.

A mesma responsável disse que o motivo pelo qual as doenças são a principal causa de morte no mundo deriva do facto de nos últimos 30 anos se ter imposto um estilo de vida muito mais sedentário e pela mudança na dieta com predominância para os açucares, gorduras saturadas e sal, o que provoca problemas de saúde como o colesterol, tensão alta e altos níveis de açúcar no sangue.»


in JN online, 14-9-2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

14 tipos mais comuns de tosses

A tosse ocorre inevitavelmente nas crianças, mas durante o inverno acontece com mais frequência. Não há o que ser feito para impedir.
Na realidade a tosse é saudável, pois ajuda a limpar a garganta ou o peito do seu bebê de algo que não deveria estar lá, por exemplo, um restinho de fruta, uma peça de um brinquedo ou uma infecção. Portanto, a sua função não é necessariamente parar a tosse, mas sim descobrir a sua causa. É importante observar as características da tosse e a maneira como o seu bebê respira e age para descobrir o que está acontecendo.
Para ajudar no seu trabalho de detetive, identificamos os tipos mais comuns de tosse e as suas origens. Lembre-se também que a tosse, por si só, raramente causa problemas em crianças com mais de 1 ano de idade, mas pode debilitar rapidamente um bebê, de modo que é necessário ter muita atenção quando ele começar a tossir.




1 - Tosse durante uma constipação
A maior parte das simples constipações é acompanhada por uma tosse seca ou com secreções, que pode permanecer mesmo depois dos outros sintomas terem desaparecido. Não há com o que se preocupar. Contudo, consulte imediatamente o pediatra se o bebê apresentar algum dos seguintes sintomas:
- O seu bebê tosse tanto que os lábios ficam mais escuros e apresenta dificuldade em respirar.
- O ataque de tosse termina com um "silvo" (veja "Tosse com sons estranhos quando o bebê inspira", mais adiante).
- O seu bebê apresenta uma febre de 39 graus ou superior, durante mais de 48 horas (a febre é normal quando se trata de infecções respiratórias e não é motivo de preocupação, a não ser que seja alta, dure muito tempo ou a criança pareça realmente doente).
- O seu bebê respira rapidamente (mais de 40 ou 50 vezes por minuto) ou a sua pele é "sugada para dentro, formando um espaço côncavo" entre as costelas cada vez que respira (poderá observar isso ao tirar a camisa).
- O seu bebê tem menos de 4 meses de idade.


2 - Tosse que começa de repente
A causa dessa tosse geralmente é algo que está nas suas vias respiratórias e que não deveria estar lá, por exemplo, um pedaço de comida dura, um brinquedo, algum vômito ou uma moeda. Os bebês que conseguem agarrar coisas correm maior risco, especialmente se têm irmãos mais velhos que querem "alimentá-lo" ou partilhar com ele os brinquedos. Se suspeitar que o seu bebê tem algo entalado na garganta, não introduza os dedos (a não ser que ainda esteja na boca e o possa ver facilmente). Faça uma manobra de Heimlich, se souber fazê-la numa criança. Caso contrário, mantenha-o quieto e calmo e telefone imediatamente ao pediatra ou um serviço emergencial de saúde para receber instruções precisas.
Se não se tratar de um objeto estranho e a criança apresentar uma "tosse de cão" repentina acompanhada de rouquidão, baba e, por outro lado, insistir em endireitar-se, a causa pode ser uma doença muito grave chamada epiglotite. Chame rapidamente o pediatra. Se não tiver uma resposta imediata, procure um pronto-socorro / emergência hospitalar. Felizmente, os casos de epiglotite são atualmente muito raros graças à vacina do haemophilus B.


3 - "Tosse de cão"
A "tosse de cão" é um sintoma de várias infecções virais do trato respiratório superior, incluindo a difteria e as infecções virais das cordas vocais (laringe) das vias respiratórias (traqueia). As crianças que padecem de difteria adquirem, também, rouquidão. Felizmente, pode geralmente tratar-se em casa com o vapor de um chuveiro quente ou de um nebulizador, mas mesmo assim deve haver uma consulta ou a procura do pediatra. Certifique-se de pedir ajuda imediatamente se:
- O seu filho tem menos de 6 meses de idade.
- Apresenta febre de 39 graus ou superior.
- A tosse aparece de repente (veja mais acima).
- Respira ruidosamente entre os ataques de tosse quando está tranquilo e ao descansar.
- Está muito pálido, macilento ou sem cor.
Marque uma consulta para o dia seguinte se o seu filho:
- Tem menos de 1 ano de idade.
- Teve episódios de difteria sem mostrar melhoras durante três ou mais dias.
- Teve três ataques de difteria por dia, durante dois ou mais dias.
- Recusa beber líquidos.


4 - Tosse em um bebê com menos de 3 meses
Isso pode indicar algo grave, como uma pneumonia ou uma bronquite que poderia debilitar o bebê. Consulte o pediatra rapidamente se a tosse durar mais de 1 hora. Telefone de imediato se a tosse começou de repente ou se o seu bebê apresenta uma febre superior a 38°C.


5 - Tosse com febre alta
Quando a tosse é acompanhada de uma febre de 39°C ou superior, poderá ser pneumonia, especialmente se o seu filho respira rapidamente, está indiferente ou não deseja ingerir líquidos. Contate imediatamente o pediatra.
Tosse com uma grande mudança no comportamento, normalmente com febre: pode ser o sinal de uma pneumonia. Telefone imediatamente ao pediatra.


6 - Tosse com dificuldade em respirar
Esse é sempre um motivo de preocupação e deve ser comunicado imediatamente ao pediatra. Se for grave ou repentina, procure um hospital. Caso contrário, esteja em contato com o pediatra do seu filho. Sinais de mal-estar a que deve prestar atenção:
- O seu filho respira muito rapidamente (40 a 50 vezes por minuto).
- A sua pele "é sugada para dentro, formando um espaço côncavo" entre as costelas ou acima da clavícula cada vez que respira.
- Recusa-se a se deitar porque isso lhe dificulta a respiração ou torna-o ansioso e agitado.
- Não consegue engolir líquidos ou recusa todos os líquidos.
- Baba-se excessivamente.
- Estica o pescoço para respirar.
- Dorme menos de 1 hora seguida.
- Não está rosado, os seus lábios estão mais escuros e a pele está muito pálida.


7 - Tosse com sangue
Isso ocorre geralmente devido a uma hemorragia ou irritação nasal recente; nesse caso não é motivo para se preocupar. Se, no entanto, não tiver sido essa a causa, algo de anormal está a acontecer e o pediatra deve ser procurado imediatamente.


8 - Tosse que piora à noite
Geralmente a tosse causada por infecções piora à noite por causa das secreções nasais e sinusais que passam pela garganta enquanto o bebê está deitado; isso causa, por sua vez, cócegas na garganta que produzem a tosse. Se o seu bebê dorme durante toda a noite, é improvável que qualquer coisa séria esteja para acontecer. Mas se a tosse o mantiver acordado, levante-lhe a cabeça colocando travesseiros debaixo da estrutura do berço ou do colchão. Não coloque travesseiros nem muitos cobertores no berço, porque isso aumenta o risco de SMSL (Síndrome de Morte Súbita do Lactente) em bebês muito pequenos e pode dificultar a respiração para as crianças mais velhas. Nessa situação, os bebês dormem melhor numa cadeira de bebê para automóvel colocada no chão ou dentro do berço na mesma posição.


9 - Tosse que piora durante o dia e melhora nos períodos de descanso
Quando a tosse aumenta durante o dia, é devida, geralmente, a uma infecção ou a uma alergia. A atividade, o ar frio e a tensão fazem com que esse tipo de tosse piore. A tosse pode durar alguns dias ou até três semanas e não precisa de atenção médica, a não ser que apresente sintomas adicionais. O mais simples a fazer é deixar que o vírus siga o seu curso (felizmente, o seu filho não terá a infecção durante todo o período em que tiver tosse, apenas no início). Se a tosse continuar durante um mês, está na hora de marcar uma consulta com o pediatra.


10 - Tosse com sons estranhos quando o bebê inspira
Isso é chamado estertor e pode indicar um problema grave nas vias respiratórias superiores, na laringe ou na garganta. Ligue para o pediatra e deixe-o escutar o seu bebê ao telefone; isso pode ajudá-lo e muito. Entre os sinais que requerem uma atenção médica imediata (o que significa procurar um hospital se você não puder entrar em contato imediatamente com o pediatra) estão os seguintes:
- O seu filho apresenta uma respiração ruidosa, entre os ataques de tosse, quando está tranquilo e relaxado.
- Apresenta dificuldade em respirar (veja mais acima).
- Não quer deitar-se porque isso dificulta a sua respiração ou aumenta a sua ansiedade.
- Ocorrem babas.
- Tem problemas em engolir.
- Se o seu filho respira muito profundamente após um ataque grave de tosse e frequentemente emite um som ou um "silvo", pode ter tosse convulsa, também conhecida por "coqueluche". Isso é particularmente preocupante nas crianças que ainda não tomaram todas as vacinas, por exemplo, bebês com menos de 6 meses.
- A tosse convulsa pode ser mortal, por isso, se suspeitar dela, contate imediatamente o pediatra.
Se não receber uma resposta imediata ou se o seu filho estiver muito pálido, dirija-se ao hospital.


11 - Tosse com sons estranhos quando o bebê expira
Pode tratar-se de respiração asmática e indica uma obstrução nas vias respiratórias inferiores, possivelmente devido a uma infecção, uma alergia ou simplesmente sensibilidade ou à presença de um objeto estranho (ver "Tosse que começa de repente"). Se você conhece alguém com asma ou já tiver ouvido um gato ronronar, então tem uma ideia de como a respiração asmática soa. Telefone imediatamente ao pediatra para receber instruções (a não ser que seja uma alergia ou uma sensibilidade que já tratou anteriormente e que tenha os medicamentos e os procedimentos estabelecidos para lidar com ela). Coloque a criança ao telefone, pois escutar o som e o tipo de respiração ajudará o pediatra a perceber o que está acontecendo.


12 - Tosse seguida de vômito
É mais provável que se apresente em crianças com menos de 1 ano, porque não podem eliminar as mucosidades. Em vez disso, engolem-nas e acabam por vomitá-las. Contudo, se esse tipo de tosse for acompanhado de contínua dificuldade em respirar, qualquer mudança na cor dos lábios ou um "silvo" no final do ataque de tosse (ver mais acima), telefone imediatamente ao pediatra.


13 - Tosse que dura mais de um mês
Isso é geralmente o resultado do azar de apanhar uma constipação atrás da outra. Mas, para que haja segurança, deve-se marcar uma consulta com o pediatra para acabar com uma alergia, uma infecção crônica, uma sensibilidade a alimentos ou outro problema. Esteja preparado para relatar quaisquer afecções respiratórias nas pessoas que estiveram com a criança, como também quaisquer outras dúvidas que possa ter.


14 - Tosse nos membros da família
É sempre conveniente manter o seu filho afastado de qualquer pessoa com uma tosse infecciosa ativa até que tenha praticamente desaparecido. Em relação a isso, os recém-nascidos são provavelmente imunes às doenças da mãe ou do pai. Além disso, o leite materno dá aos bebês uma maior proteção contra as infecções. Depois dos 6 meses, o seu bebê defende-se com o seu próprio sistema imunológico, mas mesmo assim convém protegê-lo, especialmente da tosse forte e com mucosidades.
Os fumantes constituem um grande risco para os bebês, não só porque tendem a ter infecções pulmonares, mas também porque o próprio fumo os torna mais propensos a contrair doenças. Por isso, mantenha o seu filho afastado de ambientes cheios de fumo de cigarro, sempre que possível.
Os adultos, particularmente os mais velhos, podem ser portadores de tuberculose. Um simples exame cutâneo pode eliminar quaisquer dúvidas que possa ter sobre alguém que apresenta tosse crônica.



por Lucia Ferro, professora doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da UFMG.
in http://idmed.uol.com.br/

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dormir às escuras pode ajudar a controlar a diabetes

«Uma investigação levada a cabo por investigadores da Universidade de Granada (Espanha) permitiu concluir que dormir completamente às escuras pode ajudar a controlar melhor a diabetes mellitus, uma doença metabólica crónica provocada pela insuficiente produção de insulina pelo corpo.

Essa quantidade insuficiente de insulina provoca excesso de glucose no sangue, pelo que os doentes têm que controlar ao longo de toda a sua vida os níveis, injectando insulina, seguindo uma dieta alimentar saudável e praticando exercício físico.

Recentemente, uma equipa de investigadores da Universidade de Granada demonstrou que a melatonina, uma hormona segregada de forma natural pelo corpo humano, ajuda a controlar a diabetes, já que aumenta a secreção da insulina, reduz a hiperglicemia e a hemoglobina glicada e diminui os ácidos gordos livres, adianta o jornal espanhol ABC.

A escuridão da noite favorece a secreção desta hormona, razão pela qual os investigadores acreditam que dormir completamente às escuras pode ajudar a controlar a diabetes associada à obesidade e os factores de risco associados.

Os mesmos efeitos foram verificados com a ingestão de alimentos que contém melatonina, como o leite, os cereais e as azeitonas, ou algumas plantas, como a mostarda, a curcuma, o cardamomo, a erva-doce e o coentro.

A melotonina é produzida no cérebro de todos os seres vivos em quantidades que variam ao longo do dia, embora haja uma inibição perantes a luz e um aumento da produção com a obscuridade.

Para chegar a esta conclusão, os investigadores da Universidade de Granada, em colaboração com os Serviços de Análises Clínicas do Hospital San Cecilio de Granada e o Serviço de Endocrinologia do Hospital Carlos III de Madrid, recorreram a jovens ratos Zucker obesos e diabéticos, um modelo experimental que simula o desenvolvimento da diabetes humana.

Os benefícios resultantes da administração de melatonina nos ratos jovens verificaram-se antes do desenvolvimento de complicações metabólicas e vasculares, pelo que os cientistas acreditam que a melatonina poderá ajudar a melhorar as doenças cardiovasculares associadas à obesidade.»


in JN online, 12-9-2011