«Grandes empresas europeias e norte-americanas estão a começar a investir na prevenção das doenças mentais no local de trabalho, exemplo que devia ser seguido em Portugal, defende o psiquiatra Ricardo Gusmão.
Coordenador em Portugal da Aliança Europeia Contra a Depressão, o especialista conta que multinacionais em Inglaterra, Alemanha ou Estados Unidos têm já programas de prevenção da doença mental, com retornos de produtividade evidentes.
Em Portugal, segundo país do mundo com maior taxa de perturbações mentais, as empresas deviam começar a fazer o mesmo, diz o médico em entrevista à agência Lusa a propósito do Dia Europeu da Depressão, que se assinala este sábado.
"Não vemos as empresas portuguesas a investirem neste tipo de prevenção, quando as doenças mentais contribuem para elevado absentismo e perda de produtividade", argumenta o psiquiatra e professor na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é das maiores causas de incapacidade em todo o mundo. Em Portugal, dados da Caixa Geral de Aposentação colocam-na também no topo dos motivos de aposentação precoce.
Ter psicólogos nos recursos humanos das empresas vocacionados para despistar problemas mentais é uma das medidas que Ricardo Gusmão defende, a par de outras mais simples, como ter uma creche no local de trabalho.
"As empresas que se preocupam com a saúde mental dos colaboradores têm produtividade muito superior às outras e os custos são relativamente marginais", sustenta.
Os dados internacionais indicam que a depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes, que afectará uma em cada cinco pessoas em algum momento das suas vidas.
A OMS determinou que a depressão é a quarta maior causa de anos de vida com saúde perdidos em todo o mundo em 1990. Dez anos depois já era a terceira causa e em 2020 estima-se que seja a segunda.»
in JN online, 01-10-2011
Sem comentários:
Enviar um comentário