quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cães farejam cancro do pulmão

«O cancro do pulmão, o mais mortal de todos os cancros, responde pelo desaparecimento de mais de 340 mil pessoas por ano em todo o mundo. No entanto, se detectado precocemente, é possível a sua cura.

O problema é que a doença, numa fase inicial, é silenciosa. Recentemente, porém, cientistas alemães descobriram que os cães podem ser grandes aliados na luta para salvar vidas, por serem capazes de farejar em pessoas doentes os sinais da existência de cancro do pulmão, se para isso forem treinados.

A investigação levada a cabo no Hospital Schillerhoehe, Alemanha, incluiu 220 voluntários, sendo 110 saudáveis, 60 portadores de cancro do pulmão, 50 pessoas com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e quatro cães (dois pastores alemães, um pastor australiano e um labrador.

Todos os participantes respiraram para um tubo cheio de lã que absorveu os cheiros da respiração. Os cães cheiravam os tubos e sentavam-se na frente das pessoas supostamente doentes. Os animais conseguiram acertar em 71% dos casos e os resultados do estudo foram publicados na revista científica "European Respiratory Journal".

Marcador estável para o cancro do pulmão

O cheiro a tabaco ou a medicamentos consumidos pelos doentes não afetaram o olfato dos cães. O que os cientistas ainda não apuraram é qual a substância exata que os cães detectam no hálito dos doentes cancerígenos.

"Na respiração dos doentes com cancro do pulmão deverá existir químicos voláteis (moléculas libertadas pelos tumores) diferentes dos encontrados na respiração de uma pessoa saudável, e o olfato apurado permite aos cães detectar essa diferença numa fase muito precoce da doença", afirmou o cientista e autor do estudo, Thorsten Walles.

De acordo com Walles, "os nossos resultados confirmam a presença de um marcador estável para o cancro do pulmão. Este é um grande passo".

No entanto, como não é nada prático que os cães permaneçam nas clínicas e hospitais para o rastreio da doença, os investigadores estão a desenvolver "narizes eletrónicos" que consigam detectar a mesma substância química que o olfato canino. Mas ainda não sabem se o vão conseguir.

Em 1989, surgiram as primeiras notícias de que os cães eram capazes de farejar tumores. Estudos realizados posteriormente indicaram que os cães conseguem, de facto, detetar cancros na pele, na bexiga, nos intestinos e na mama. À lista, acrescenta-se agora o cancro do pulmão.»





Texto in Expresso online, 15-9-2011
Vídeo in YouTube, 31-8-2011

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